Geralmente o primeiro balão que você solta é aquele que vai marcar ou NÃO no que vai ser a sua vida em relação a arte. É aquele que vai fazer você ficar fascinado ou NÃO. É aquele que vai colorir o seu mundo ou NÃO. É aquele que vai ser o primeiro que anos mais tarde dará início de muitas aventuras, de muito convívio com amigos, de muita ansiedade por ver a arte pronta que será lançado em direção ao céu e quando o nosso pequeno balão, sim, eu digo pequeno porque todo mundo começa assim, seja um chinês, japonês ou junino de uma folha, subir ao céu, estará lá a sua marca de felicidade e alegria, tudo aquilo de bom que você deseja e que irá de encontro com os outros coloridos pontos luminosos. Aí, você sente que não está só, porque aqueles outros balões que percorrem o céu são também o mesmo símbolo de felicidade por parte de outras pessoas humanas que desejam o mesmo que nós. Geralmente é sempre assim o nosso primeiro balão, ou marca para sempre a gente ou não.
Eu tive a sorte e a felicidade, quando com meus 4 anos de idade fui morar para o bairro da Piedade no Rio de Janeiro, tradicional zona norte, um dos pontos mais frequentes no lançamento de balões. Foi justamente nesse bairro no ano de 1965, que numa noite de verão, na casa onde vivia com meus pais, meu irmão ainda recém-nascido e um primo que morava com a gente, que me apercebi que algo de estranho se passava no quintal dos fundos. De repente, comecei a ouvir uns estouros de foguetes, não muito longe dali e apercebi-me que meu primo estava quase em cima do telhado apreciando algo que me chamaria também a atenção. Apesar de ser bem criança, escutando o estouro dos foguetes, perguntei o que é que ele estava vendo. “Sobe aí nas escadas que você vê logo” disse meu primo. Fiz o que ele falou, embora com certo receio, pois apesar da curiosidade, senti um pouco de medo em saber o que iria encontrar lá no alto. Era um grande balão fogueteiro, que segundo a segundo soltava um foguete de flecha. Sinceramente, eu nunca tinha visto nada parecido e a minha primeira reação foi mesmo de medo. Vi por alguns segundos aquele espetáculo, que naquele momento foi de terror para mim. Saltei da escada de madeira com o coração nas mãos, fugindo para o meu quarto e nem quis sair mais de lá. Meu primo diante daquela cena, brincou comigo, perguntando porque fugira. Fiquei sem falar e nada respondi e o pior é que os foguetes não acabavam mais. Me lembro que essa noite não dormi direito, só pensando no que meu primo perguntou. “Então, não vai dizer que está com medo do balão?” Eu na minha inocência indagava: balão, mas qual balão! Aquilo era um balão?
Muitas noites se passaram e quando anoitecia, ficava meio desconfiado e nem sequer punha os pés no fundo do quintal e não me atrevia a olhar para o céu. Passado algum tempo, eis que surge a primeira festa junina na vila onde eu morava e quase todos os vizinhos enfeitavam os seus quintais com muitas bandeirinhas e algo colorido que me chamava a atenção do qual soube pelo vizinho do lado da minha casa que aquilo era um balão de S. João. Meus olhos brilharam diante daquele junino de papel de seda todo colorido. Lembro-me que nessa hora o meu vizinho colocou a vitrola tocando, onde ouvi pela primeira vez a marchinha “Cai, cai balão”. Nesse momento, pensei se seria um balão igual aquele que tinha visto naquela noite e apesar da incerteza continuar, uma coisa era certa: Foi naquela noite em que tudo começou que o sentimento que tinha, apesar de não saber o que era, mais tarde iria se traduzir em duas palavras que até já foi título de um livro sobre a arte. Foi simplesmente uma “Paixão Inexplicável” e uma paixão que pelo contrário nasceu muito antes de fazer ou soltar o meu primeiro balão junino. Foram os meus olhos, seguidos do meu coração que registraram aquele momento e fizeram crer que o primeiro balão da nossa vida é aquele que marca definitivamente o sentimento pela arte ou NÃO. Logo depois, bastou apenas eu ver novamente um deles pairando sobre o céu e sentir que o meu medo nada mais era que um puro encanto que marcaria a minha vida.
Hoje, agradeço a Deus e aos Santos juninos pelo “NÃO” ter ficado de fora quando a arte marca a gente. De uma “paixão inexplicável”, hoje transformada em uma “paixão eterna”.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA
PORTUGAL
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
O São João na Cultura Popular
Na cidade de Braga foi realizado no passado dia 22 de Junho de 2009, uma sessão cultural na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, sob a orientação teórica do professor Doutor Aurélio de Oliveira e com intervenções de José Machado e do grupo "Os Sinos da Sé", onde foi discutido o assunto do São João em quatro dimensões:
1. Cartazes e iluminações: a fogueira verval e visual que anuncia a festa: a configuração das ruas como espaço sideral, a configuração da comunicação como revelação de conteúdos, anunciadora de realidades. Os lançamentos de fogo e de balões como sintomas de purificação, de fuga e desvaneio.
2. Percursos e procissões: corridas e correrias: passeios e caminhadas: as singularidades rituais da festa: os percursos assinalam roteiros de socialização (desfiles e rusgas, cerimoniais de cumprimento), consagração do território (a sacralização e a catequização) e as escapadelas de excesso (gastronómicas, consumistas, recreativas). Toda a gente deve possuir uma percepção de território propiciador de benesses, sejam elas provenientes do mercado nas suas variedades de oferta, sejam elas provenientes da socialização na sua tolerância de manifestações, gestos e palavras, sejam elas provenientes da expressão da religiosidade, cristã ou plural ou «pagã».
3. Sons e sonoridades: o hino sanjoanino e a dança do Rei David são os paradigmas de toda a construção musical: entre o instrumental e o coral, toda a festa vive mergulhada em manifestações musicais e coreográficas, sejam espontâneas ou organizadas. O improviso como estilo de cantares e a variação como estrutura modelar. Os cantares ao desafio como erupção de interditos e expressão de fantasias: os Cachadinhas (José Cachadinha e sobrinho Pedro Cachadinha) como «caso» de liberdade expressiva e postura «descomposta».
4. Os ícones e os símbolos: as figuras catequéticas (São João, Cristo, Apóstolos, pescadores, São Cristóvão, o menino), o balão, as ervas (alho porro, manjerico), o martelinho e o assobio (gaitas e pandeiros).
Esta sessão cultural constou de pequenas intervenções expositivas (Professores Aurélio de Oliveira e José Machado), de perguntas e respostas avançadas pela assistência, de intervenções musicais(«Os Sinos da Sé») e de cantadores ao desafio: Os Cachadinhas de Ponte de Lima.
Esta sessão constituiu uma singular iniciativa da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, com a finalidade de se constituir de futuro como palco privilegiado da festa nas suas dimensões literárias (narrativas e poéticas) e artísticas (gráficas e musicais), conforme indicação de José Machado, Professor e membro da Associação «Os Sinos da Sé»
Por isso é que eu próprio pergunto a mim mesmo, porque no Brasil não acontece o mesmo.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
1. Cartazes e iluminações: a fogueira verval e visual que anuncia a festa: a configuração das ruas como espaço sideral, a configuração da comunicação como revelação de conteúdos, anunciadora de realidades. Os lançamentos de fogo e de balões como sintomas de purificação, de fuga e desvaneio.
2. Percursos e procissões: corridas e correrias: passeios e caminhadas: as singularidades rituais da festa: os percursos assinalam roteiros de socialização (desfiles e rusgas, cerimoniais de cumprimento), consagração do território (a sacralização e a catequização) e as escapadelas de excesso (gastronómicas, consumistas, recreativas). Toda a gente deve possuir uma percepção de território propiciador de benesses, sejam elas provenientes do mercado nas suas variedades de oferta, sejam elas provenientes da socialização na sua tolerância de manifestações, gestos e palavras, sejam elas provenientes da expressão da religiosidade, cristã ou plural ou «pagã».
3. Sons e sonoridades: o hino sanjoanino e a dança do Rei David são os paradigmas de toda a construção musical: entre o instrumental e o coral, toda a festa vive mergulhada em manifestações musicais e coreográficas, sejam espontâneas ou organizadas. O improviso como estilo de cantares e a variação como estrutura modelar. Os cantares ao desafio como erupção de interditos e expressão de fantasias: os Cachadinhas (José Cachadinha e sobrinho Pedro Cachadinha) como «caso» de liberdade expressiva e postura «descomposta».
4. Os ícones e os símbolos: as figuras catequéticas (São João, Cristo, Apóstolos, pescadores, São Cristóvão, o menino), o balão, as ervas (alho porro, manjerico), o martelinho e o assobio (gaitas e pandeiros).
Esta sessão cultural constou de pequenas intervenções expositivas (Professores Aurélio de Oliveira e José Machado), de perguntas e respostas avançadas pela assistência, de intervenções musicais(«Os Sinos da Sé») e de cantadores ao desafio: Os Cachadinhas de Ponte de Lima.
Esta sessão constituiu uma singular iniciativa da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, com a finalidade de se constituir de futuro como palco privilegiado da festa nas suas dimensões literárias (narrativas e poéticas) e artísticas (gráficas e musicais), conforme indicação de José Machado, Professor e membro da Associação «Os Sinos da Sé»
Por isso é que eu próprio pergunto a mim mesmo, porque no Brasil não acontece o mesmo.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
BALÃO: “Proibição” no Brasil, “Prevenção” em Portugal (Parte 2)
E assim passou o mês de Junho, com a realização de mais umas festividades dos três santos juninos ou populares.
Sobre o mesmo título, dou sequência ao assunto que referi na minha última intervenção que fiz em minha coluna.
Com a proibição no Brasil e a repressão bem maior nesta época em cima dos balões e baloeiros, não há nada a adiantar. Surgem cada vez mais os comentários por quem pratica esta arte no País - irmão, uns acreditando que com regulamentação a Lei será liberada e os bons tempos voltarão; outros, nem por isso, porque colocam em causa a própria arte por parte de muitos praticantes que não tem responsabilidade e não estão nem aí para pensar no assunto e no final continua tudo na mesma, infelizmente.
Mas, vamos agora falar de Portugal, por que foi aqui onde tudo começou e que os antepassados navegantes lusitanos fizeram questão de levar e deixar suas tradições por todos os cantos do mundo onde conseguiram chegar através das suas majestosas caravelas. Muitas festas de Santo Antonio, São João e São Pedro, realizadas por diversas cidades, vilas e bairros do País. Num só conviva, mas todos com a mesma intenção: divertir-se, comemorando o seu santo padroeiro e mantendo sempre mais do que tudo as principais tradições nestas festividades.
Em causa, abordo a tradição do Balão Sanjoanino, onde em parte é mais praticado nas festividades de S. João. Em referência a esse assunto, falo pela maior festa de S. João que se realiza em Portugal, mais propriamente na cidade do Porto (conhecido mundialmente pelo bom Vinho do Porto e por possuir já há alguns anos o F. C. Porto, o melhor time de futebol português e entre poucos, do mundo também, que embora sendo eu, torcedor do Benfica, não posso deixar de relatar a verdade).
Mas, há algo especial que deslumbra nesta área e ela deve-se ao facto de toda a região do Porto e sua população serem os pioneiros de entre todas as festas juninas que acontecem em Portugal. Sem dúvida nenhuma que o S. João do Porto é a maior festa junina de Portugal e do mundo. Nela, são mantidas as mais diversas tradições que perduram por muitos anos. Dentro da nossa arte, refiro-me ao majestoso fogo de artifício que acontece sempre pela meia-noite na véspera de 23 para 24 de Junho, na zona ribeirinha do rio Douro que separa as duas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. A festa começa já ao principio da tarde, o ambiente vai se notando cada vez mais com o chegar da noite. Aliás, a festa de S. João do Porto é conhecida também pela noite mais longa do ano, isto por ser uma noite em que a maioria das pessoas não dormem e quase todas saem com seus alhos-porros e martelos de S. João para brincarem e darem marteladas nas cabeças de todas as pessoas que se cruzam pelo caminho.
O melhor da festa, como não podia deixar de ser, são os lançamentos dos milhares de balões que acontecem logo ao princípio da noite até de madrugada quando o sol começa a raiar. A cena se repete por todos os cantos da cidade e toda região do Porto, podendo ser numa esplanada de um bar, nos quintais das casas, em plenas ruas, avenidas e praças, na praia, nos apartamentos, em qualquer lugar onde até o caro leitor quiser imaginar. O bom disso tudo, é que não vemos rivalidades na hora do lançamento e o que as pessoas querem mesmo é ver o balão subir. Basta você ter um ou mais balões que queira soltar num determinado lugar, que a multidão se aproxima e todos querem ajudar a lançar o junino, independente do seu tamanho, forma ou cor. Por incrível que pareça, nessa hora não existe críticas por parte das pessoas em relação aos balões. Elas querem mesmo é vê-lo subir e desaparecer na escuridão do céu. Quando a festa atinge o seu auge, começa a haver uma grande rivalidade, pois o centro do Porto é dividido pelo rio Douro que separa duas cidades: uma é a cidade do Porto, a outra é a cidade de Vila Nova de Gaia. Ambas comemoram o S. João, havendo festa de um lado e do outro. Logicamente, existe uma disputa saudável para qual dos lados se lançam mais balões e assim leva vantagem a cidade que estiver contra o vento, porque se assiste tanto o lançamento do seus balões, como também recebe a passagem dos balões da outra cidade. Pode-se dizer que quem brilha com isso tudo é o próprio rio Douro que vê assim o reluzir em suas próprias águas o brilho dos balões no céu, quer se dirijam para norte ou sul.
Desta vez, ao contrário do ano passado em que a chuva estragou um pouco a mesma festa, tivemos uma noite espectacular. A maioria das pessoas diziam que essa noite, os balões disputavam com as estrelas um espaço no céu, tal era a quantidade que sobrevoavam por toda a região do Porto. Ao chegar a meia-noite, começou o espectacular fogo de artifício no centro do rio Douro. Foi bonito de ser ver, uma mistura de espectáculo pirotécnico com muitos balões a pelo meio iluminando o céu. Enfim, foi uma das noites de S. João mais fantáticas que o Porto viveu e todo o resto do País teve oportunidade de assistir ao vivo pela TV no canal da RTP 1. A mesma emissão, também pode ser vista no resto do mundo pelo canal cabo RTP Internacional. “De salientar que o lançamento de balões eram transmitidos a todo instante pela televisão”.
Fica já agora registrado, o plano de prevenção que envolveu a Protecção Civil, Corpo de Bombeiros e Forças Policiais, onde principalmente foi reforçado a quantidade de bombeiros por toda a cidade, com o intuito de garantir a segurança das pessoas e casos de incêndios derivado ao lançamento de balões e fogo de artifício. Por coincidência, esta operação foi batizada de “Operação Balão de São João”. Haviam equipes de bombeiros por todo o lado, inclusive brigadas de incêndio em cima de edifícios considerados património histórico e nas zonas mais antigas.
Com o fim da festa, o Centro Ditristal de Comando de Operações do Porto registrou entre as 21h00 do dia 23/Junho até as 08h00 do dia 24/Junho, cerca de 30 chamadas de incêndio, presumivelmente relacionados com balões que os próprios Bombeiros do Porto informaram serem de pequenas dimensões e normal numa noite como esta, mas também manifestaram a vontade de defenderem a criação de regras para o lançamento dos tradicionais balões de São João.
João Carvalho, dos Bombeiros Sapadores do Porto, apelou a uma maior cultura na prevenção e Joaquim Salgueiro, sub-Chefe dos Bombeiros Sapadores de Gaia, defende que o lançamento de balões de S. João deveria estar limitado apenas aos locais onde não haja risco iminente de incêndio. Os Bombeiros do Porto manifestaram que é difícil quebrar uma tradição que há muitos anos faz parte da sua população e toda região, mas pedem para que numa melhor prevenção sejam impostas regras ao lançamento deste tipo de engenhos.
Sendo assim, embora discorde um pouco nessa decisão, é bem melhor a prevenção com regulamentos, do que a proibição total.
Segue logo abaixo, alguns endereços do youtube onde poderão apreciar algumas filmagens da maior festa de São João em Portugal, as imagens estarão em destaque na secção de fotos do Planeta Balão.
Terminando esta minha intervenção, deixo no ar a frase mais habitual que se ouve dos cidadãos portistas:
“VIVÓÓÓ PORTO, CARAGO”
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
VIDEOS DA FESTA DE SÃO JOÃO DO PORTO/2009
http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=20&visual=9&tm=4&t=Martelinhos-sardinha-e-luz-na-noite-do-Sao-Joao.rtp&article=228442
Reportagem da TV portuguesa – Canal RTP 1 – S. João do Porto/2009
http://www.youtube.com/watch?v=Bqivu3VR5qM Ambiente nas ruas do Porto
http://www.youtube.com/watch?v=Eoc-fpESRT8 Baile de São João em Miragaia-Porto
http://www.youtube.com/watch?v=xThHK81J8qk Fogo de artifício na Ponte D. Luis no Porto
http://www.youtube.com/watch?v=Ycf95whTjJg Fogo de artifício visto da Igreja da Vitória
http://www.youtube.com/watch?v=B9lruhjr5EY Fogo de artifício visto da Ribeira – Porto
http://www.youtube.com/watch?v=d4kW9-_jEi4 Balão de São João – Porto
http://www.youtube.com/watch?v=39V0OVOMFO0 Quadras de São João - Porto
Sobre o mesmo título, dou sequência ao assunto que referi na minha última intervenção que fiz em minha coluna.
Com a proibição no Brasil e a repressão bem maior nesta época em cima dos balões e baloeiros, não há nada a adiantar. Surgem cada vez mais os comentários por quem pratica esta arte no País - irmão, uns acreditando que com regulamentação a Lei será liberada e os bons tempos voltarão; outros, nem por isso, porque colocam em causa a própria arte por parte de muitos praticantes que não tem responsabilidade e não estão nem aí para pensar no assunto e no final continua tudo na mesma, infelizmente.
Mas, vamos agora falar de Portugal, por que foi aqui onde tudo começou e que os antepassados navegantes lusitanos fizeram questão de levar e deixar suas tradições por todos os cantos do mundo onde conseguiram chegar através das suas majestosas caravelas. Muitas festas de Santo Antonio, São João e São Pedro, realizadas por diversas cidades, vilas e bairros do País. Num só conviva, mas todos com a mesma intenção: divertir-se, comemorando o seu santo padroeiro e mantendo sempre mais do que tudo as principais tradições nestas festividades.
Em causa, abordo a tradição do Balão Sanjoanino, onde em parte é mais praticado nas festividades de S. João. Em referência a esse assunto, falo pela maior festa de S. João que se realiza em Portugal, mais propriamente na cidade do Porto (conhecido mundialmente pelo bom Vinho do Porto e por possuir já há alguns anos o F. C. Porto, o melhor time de futebol português e entre poucos, do mundo também, que embora sendo eu, torcedor do Benfica, não posso deixar de relatar a verdade).
Mas, há algo especial que deslumbra nesta área e ela deve-se ao facto de toda a região do Porto e sua população serem os pioneiros de entre todas as festas juninas que acontecem em Portugal. Sem dúvida nenhuma que o S. João do Porto é a maior festa junina de Portugal e do mundo. Nela, são mantidas as mais diversas tradições que perduram por muitos anos. Dentro da nossa arte, refiro-me ao majestoso fogo de artifício que acontece sempre pela meia-noite na véspera de 23 para 24 de Junho, na zona ribeirinha do rio Douro que separa as duas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. A festa começa já ao principio da tarde, o ambiente vai se notando cada vez mais com o chegar da noite. Aliás, a festa de S. João do Porto é conhecida também pela noite mais longa do ano, isto por ser uma noite em que a maioria das pessoas não dormem e quase todas saem com seus alhos-porros e martelos de S. João para brincarem e darem marteladas nas cabeças de todas as pessoas que se cruzam pelo caminho.
O melhor da festa, como não podia deixar de ser, são os lançamentos dos milhares de balões que acontecem logo ao princípio da noite até de madrugada quando o sol começa a raiar. A cena se repete por todos os cantos da cidade e toda região do Porto, podendo ser numa esplanada de um bar, nos quintais das casas, em plenas ruas, avenidas e praças, na praia, nos apartamentos, em qualquer lugar onde até o caro leitor quiser imaginar. O bom disso tudo, é que não vemos rivalidades na hora do lançamento e o que as pessoas querem mesmo é ver o balão subir. Basta você ter um ou mais balões que queira soltar num determinado lugar, que a multidão se aproxima e todos querem ajudar a lançar o junino, independente do seu tamanho, forma ou cor. Por incrível que pareça, nessa hora não existe críticas por parte das pessoas em relação aos balões. Elas querem mesmo é vê-lo subir e desaparecer na escuridão do céu. Quando a festa atinge o seu auge, começa a haver uma grande rivalidade, pois o centro do Porto é dividido pelo rio Douro que separa duas cidades: uma é a cidade do Porto, a outra é a cidade de Vila Nova de Gaia. Ambas comemoram o S. João, havendo festa de um lado e do outro. Logicamente, existe uma disputa saudável para qual dos lados se lançam mais balões e assim leva vantagem a cidade que estiver contra o vento, porque se assiste tanto o lançamento do seus balões, como também recebe a passagem dos balões da outra cidade. Pode-se dizer que quem brilha com isso tudo é o próprio rio Douro que vê assim o reluzir em suas próprias águas o brilho dos balões no céu, quer se dirijam para norte ou sul.
Desta vez, ao contrário do ano passado em que a chuva estragou um pouco a mesma festa, tivemos uma noite espectacular. A maioria das pessoas diziam que essa noite, os balões disputavam com as estrelas um espaço no céu, tal era a quantidade que sobrevoavam por toda a região do Porto. Ao chegar a meia-noite, começou o espectacular fogo de artifício no centro do rio Douro. Foi bonito de ser ver, uma mistura de espectáculo pirotécnico com muitos balões a pelo meio iluminando o céu. Enfim, foi uma das noites de S. João mais fantáticas que o Porto viveu e todo o resto do País teve oportunidade de assistir ao vivo pela TV no canal da RTP 1. A mesma emissão, também pode ser vista no resto do mundo pelo canal cabo RTP Internacional. “De salientar que o lançamento de balões eram transmitidos a todo instante pela televisão”.
Fica já agora registrado, o plano de prevenção que envolveu a Protecção Civil, Corpo de Bombeiros e Forças Policiais, onde principalmente foi reforçado a quantidade de bombeiros por toda a cidade, com o intuito de garantir a segurança das pessoas e casos de incêndios derivado ao lançamento de balões e fogo de artifício. Por coincidência, esta operação foi batizada de “Operação Balão de São João”. Haviam equipes de bombeiros por todo o lado, inclusive brigadas de incêndio em cima de edifícios considerados património histórico e nas zonas mais antigas.
Com o fim da festa, o Centro Ditristal de Comando de Operações do Porto registrou entre as 21h00 do dia 23/Junho até as 08h00 do dia 24/Junho, cerca de 30 chamadas de incêndio, presumivelmente relacionados com balões que os próprios Bombeiros do Porto informaram serem de pequenas dimensões e normal numa noite como esta, mas também manifestaram a vontade de defenderem a criação de regras para o lançamento dos tradicionais balões de São João.
João Carvalho, dos Bombeiros Sapadores do Porto, apelou a uma maior cultura na prevenção e Joaquim Salgueiro, sub-Chefe dos Bombeiros Sapadores de Gaia, defende que o lançamento de balões de S. João deveria estar limitado apenas aos locais onde não haja risco iminente de incêndio. Os Bombeiros do Porto manifestaram que é difícil quebrar uma tradição que há muitos anos faz parte da sua população e toda região, mas pedem para que numa melhor prevenção sejam impostas regras ao lançamento deste tipo de engenhos.
Sendo assim, embora discorde um pouco nessa decisão, é bem melhor a prevenção com regulamentos, do que a proibição total.
Segue logo abaixo, alguns endereços do youtube onde poderão apreciar algumas filmagens da maior festa de São João em Portugal, as imagens estarão em destaque na secção de fotos do Planeta Balão.
Terminando esta minha intervenção, deixo no ar a frase mais habitual que se ouve dos cidadãos portistas:
“VIVÓÓÓ PORTO, CARAGO”
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
VIDEOS DA FESTA DE SÃO JOÃO DO PORTO/2009
http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=20&visual=9&tm=4&t=Martelinhos-sardinha-e-luz-na-noite-do-Sao-Joao.rtp&article=228442
Reportagem da TV portuguesa – Canal RTP 1 – S. João do Porto/2009
http://www.youtube.com/watch?v=Bqivu3VR5qM Ambiente nas ruas do Porto
http://www.youtube.com/watch?v=Eoc-fpESRT8 Baile de São João em Miragaia-Porto
http://www.youtube.com/watch?v=xThHK81J8qk Fogo de artifício na Ponte D. Luis no Porto
http://www.youtube.com/watch?v=Ycf95whTjJg Fogo de artifício visto da Igreja da Vitória
http://www.youtube.com/watch?v=B9lruhjr5EY Fogo de artifício visto da Ribeira – Porto
http://www.youtube.com/watch?v=d4kW9-_jEi4 Balão de São João – Porto
http://www.youtube.com/watch?v=39V0OVOMFO0 Quadras de São João - Porto
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Balão Proibição no Brasil, Prevenção em Portugal
A última da hora, resolvi escrever divulgando o que vai na cabeça das forças de segurança entre dois países, que irmanados pela mesma língua e tradições, colocam em plano dois projectos totalmente diferentes. Nelas, estão englobados "forças policiais e corpos de bombeiros" de Brasil e Portugal, onde actuam de maneira bem contrárias em relação a arte baloeira.
Vemos no Brasil um plano de "proibição", onde incluem penas com multas e com direito a prisão.
Em Portugal, apesar de uma nova lei também proibir o lançamento de balões, que tem sempre início entre os dias 1 de Julho até 15 de Outubro, anualmente, devido a chegada da "época crítica" por causa do Verão, o facto é que talvez por vontade das forças de segurança a proibição total deveria ser o mais desejado por eles.
Surge então a palavra chave, aquela que com brilho histórico, sobrepôem-se a tudo e a todos, que é a "Tradição". Uma simples palavra que coloca toda a força que enobrece a alma de um povo. Por isso, ao invés de "proibição", temos a "prevenção". Eis um exemplo das grandiosas festas de S. João na cidade do Porto, onde forças policiais e corpo de bombeiros unem-se e convocam um reforço de contingente para estarem a postos frente a alguma necessidade de intervir, não para proibir, mas sim para prevenir e actuar em caso de necessidade.
Segue a reportagem abaixo "Balões vão estar na mira de uma equipa especial" publicada pelo Jornal de Notícias neste dia 23 de Junho de 2009, um dos mais destacados em Portugal, do qual podem tirar uma conclusão em como a mesma tradição pode ter dois tratamentos diferentes pelas autoridades.
Dá que pensar!!!
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
Reportagem sobre balões sanjoaninos/2009
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx
?distrito=porto&concelho=porto&option=interior&content_id=1269996
Vemos no Brasil um plano de "proibição", onde incluem penas com multas e com direito a prisão.
Em Portugal, apesar de uma nova lei também proibir o lançamento de balões, que tem sempre início entre os dias 1 de Julho até 15 de Outubro, anualmente, devido a chegada da "época crítica" por causa do Verão, o facto é que talvez por vontade das forças de segurança a proibição total deveria ser o mais desejado por eles.
Surge então a palavra chave, aquela que com brilho histórico, sobrepôem-se a tudo e a todos, que é a "Tradição". Uma simples palavra que coloca toda a força que enobrece a alma de um povo. Por isso, ao invés de "proibição", temos a "prevenção". Eis um exemplo das grandiosas festas de S. João na cidade do Porto, onde forças policiais e corpo de bombeiros unem-se e convocam um reforço de contingente para estarem a postos frente a alguma necessidade de intervir, não para proibir, mas sim para prevenir e actuar em caso de necessidade.
Segue a reportagem abaixo "Balões vão estar na mira de uma equipa especial" publicada pelo Jornal de Notícias neste dia 23 de Junho de 2009, um dos mais destacados em Portugal, do qual podem tirar uma conclusão em como a mesma tradição pode ter dois tratamentos diferentes pelas autoridades.
Dá que pensar!!!
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
Reportagem sobre balões sanjoaninos/2009
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx
?distrito=porto&concelho=porto&option=interior&content_id=1269996
domingo, 13 de outubro de 2013
A Nova Era do Balão SanJoanino ou Junino
Brasil, país das tradições, implantada pelos descobridores portugueses, onde semearam uma das mais belas, a “Arte do Balão Sanjoanino (para Portugal) ou Junino (para o Brasil)”.
E por ser o Brasil, país que há muitos anos atrás cultivou a arte apaixonadamente, hoje, transformada na mais bela e perfeita das artes baloeiras registradas no mundo, vê-se confrontada com o entrave de poder continuar a mesma tradição, ao ser o único país na face da terra, que possui uma lei de proibição imposta por um governo que nem sequer decidiu respeitar a ideologia de um povo que na sua grande maioria é a favor da arte.
Por mais que estes governantes e autoridades da lei (embora estes últimos são submissos ao governo, pois tem de por em prática aquilo que o governo decide) insistam, em mudar a mentalidade de uma nação com mais de 500 anos de História, estes deveriam se lembrar que não se pode mudar o contexto e o significado da palavra “Tradição”.
No Brasil, a evolução foi constante nos seus baloeiros, quer sejam anónimos e individuais ou integrados em Turmas, Equipes ou Grupos.
Também me parece que ao longo do tempo, caíram no esquecimento ou simplesmente os mais novos ainda não sabem sentir a verdadeira razão das “cultura do balão”.
Os baloeiros do antigamente, tinham mais dificuldade em executar os seus projetos. As modernidades ainda não haviam sido criadas, mas possuíam o mais importante para manter a arte, que era a “liberdade de se soltar e o respeito pelo próprio balão e pela sua tradição junina”.
Será que as gerações novas que estão aí presentes, com seus belos trabalhos, sentem o mesmo que as gerações mais antigas? Será que não estão esquecendo os seus princípios em relação a tradição e mudando o rumo da História do balão?
Anos atrás, soltava-se balões mais simples, menos trabalhados, mas nem por isso deixavam de ter o colorido e a alegria de poder soltá-los com outra natureza, com liberdade, independente de ser um chinês ou de 1 ou 2 metros. Hoje, muitos baloeiros que são considerados verdadeiros génios nas suas construções, pois não há como negar essa realidade, dado a qualidade e beleza de seus balões, esquecem-se de como começaram ao entrar para a arte. Muitos deles, desvalorizam os próprios balões de pequeno porte, aqueles que na verdade fascinavam e ainda fascinam por serem mesmo pequenos e trazerem a alegria daqueles simples momentos que todos viviam e ao mesmo tempo por serem o passaporte para a entrada definitiva na arte baloeira.
No lançamento de um balão pequeno, todos os que estiverem presentes, participam. Num balão de grandes dimensões, o mesmo não ocorre e logo depois do seu lançamento seguem-se as críticas, os desabafos e a degradação verbal, derivado a questão de se enquadrar o espírito de competição que existe no Brasil. Sinceramente, eu nunca vi isso em relação ao pequeno balão junino, mas no entanto, mesmo com todos os contras em relação a arte, continua-se a dar somente valor aos projetos de grande dimensão. Por isso, faz-me lembrar o provérvio: “De que adianta eu ser uma fera na matemática moderna, se não sei ou já esqueci por completo a tabuada”.
Hoje, minha ideologia é outra, pois prefiro ver um simples balão junino no céu do que muitos de grande envergadura.
Para o Brasil, uma vez que a repressão é forte e o medo é cada vez mais constante para se soltar esses balões gigantes, seria talvez mais positivo e enriquecedor para as atuais e novas gerações, dado que aí a arte baloeira predomina durante o ano inteiro, dedicar alguns meses só ao lançamento de balões juninos. Conterteza, podendo ser um pouco antes e depois da forte época junina, o que seria benéfico para todos. Balões pequenos, fáceis e rápidos de se soltar, seja qual for o local.
Aqui em Portugal, como exemplo, na cidade do Porto, até há quem prepare e acenda o balão do quintal, da esplanada, da praia e até mesmo dentro de casa ou do apartamento e depois, pronto para subir, é só soltar pela janela fora. Lembrem-se dos grandes festivais que se organizam em países asiáticos como a Tailandia, Taiwan, China, Vietnam… e outros mais.
Para as autoridades, não haveria coisa pior do que poder ver o céu invadido por milhares de juninos a toda hora e todo instante, e sentirem que não se pode mudar o rumo de uma tradição que possui um historial de vários séculos. Sentiríam-se mesmo impotentes na repressão e o mais que podiam fazer, era mesmo admirá-los na sua trajetória pelo céu.
Além do mais, não se esqueçam que Santo António, São João e São Pedro ficavam imensamente gratos, pois o junino tem muito mais a ver com eles, do que os gigantes, que apesar de tudo, também não podemos negar ser parte integral da família e tradição baloeira.
Boas festas e comemorações juninas/2009 para todos.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
E por ser o Brasil, país que há muitos anos atrás cultivou a arte apaixonadamente, hoje, transformada na mais bela e perfeita das artes baloeiras registradas no mundo, vê-se confrontada com o entrave de poder continuar a mesma tradição, ao ser o único país na face da terra, que possui uma lei de proibição imposta por um governo que nem sequer decidiu respeitar a ideologia de um povo que na sua grande maioria é a favor da arte.
Por mais que estes governantes e autoridades da lei (embora estes últimos são submissos ao governo, pois tem de por em prática aquilo que o governo decide) insistam, em mudar a mentalidade de uma nação com mais de 500 anos de História, estes deveriam se lembrar que não se pode mudar o contexto e o significado da palavra “Tradição”.
No Brasil, a evolução foi constante nos seus baloeiros, quer sejam anónimos e individuais ou integrados em Turmas, Equipes ou Grupos.
Também me parece que ao longo do tempo, caíram no esquecimento ou simplesmente os mais novos ainda não sabem sentir a verdadeira razão das “cultura do balão”.
Os baloeiros do antigamente, tinham mais dificuldade em executar os seus projetos. As modernidades ainda não haviam sido criadas, mas possuíam o mais importante para manter a arte, que era a “liberdade de se soltar e o respeito pelo próprio balão e pela sua tradição junina”.
Será que as gerações novas que estão aí presentes, com seus belos trabalhos, sentem o mesmo que as gerações mais antigas? Será que não estão esquecendo os seus princípios em relação a tradição e mudando o rumo da História do balão?
Anos atrás, soltava-se balões mais simples, menos trabalhados, mas nem por isso deixavam de ter o colorido e a alegria de poder soltá-los com outra natureza, com liberdade, independente de ser um chinês ou de 1 ou 2 metros. Hoje, muitos baloeiros que são considerados verdadeiros génios nas suas construções, pois não há como negar essa realidade, dado a qualidade e beleza de seus balões, esquecem-se de como começaram ao entrar para a arte. Muitos deles, desvalorizam os próprios balões de pequeno porte, aqueles que na verdade fascinavam e ainda fascinam por serem mesmo pequenos e trazerem a alegria daqueles simples momentos que todos viviam e ao mesmo tempo por serem o passaporte para a entrada definitiva na arte baloeira.
No lançamento de um balão pequeno, todos os que estiverem presentes, participam. Num balão de grandes dimensões, o mesmo não ocorre e logo depois do seu lançamento seguem-se as críticas, os desabafos e a degradação verbal, derivado a questão de se enquadrar o espírito de competição que existe no Brasil. Sinceramente, eu nunca vi isso em relação ao pequeno balão junino, mas no entanto, mesmo com todos os contras em relação a arte, continua-se a dar somente valor aos projetos de grande dimensão. Por isso, faz-me lembrar o provérvio: “De que adianta eu ser uma fera na matemática moderna, se não sei ou já esqueci por completo a tabuada”.
Hoje, minha ideologia é outra, pois prefiro ver um simples balão junino no céu do que muitos de grande envergadura.
Para o Brasil, uma vez que a repressão é forte e o medo é cada vez mais constante para se soltar esses balões gigantes, seria talvez mais positivo e enriquecedor para as atuais e novas gerações, dado que aí a arte baloeira predomina durante o ano inteiro, dedicar alguns meses só ao lançamento de balões juninos. Conterteza, podendo ser um pouco antes e depois da forte época junina, o que seria benéfico para todos. Balões pequenos, fáceis e rápidos de se soltar, seja qual for o local.
Aqui em Portugal, como exemplo, na cidade do Porto, até há quem prepare e acenda o balão do quintal, da esplanada, da praia e até mesmo dentro de casa ou do apartamento e depois, pronto para subir, é só soltar pela janela fora. Lembrem-se dos grandes festivais que se organizam em países asiáticos como a Tailandia, Taiwan, China, Vietnam… e outros mais.
Para as autoridades, não haveria coisa pior do que poder ver o céu invadido por milhares de juninos a toda hora e todo instante, e sentirem que não se pode mudar o rumo de uma tradição que possui um historial de vários séculos. Sentiríam-se mesmo impotentes na repressão e o mais que podiam fazer, era mesmo admirá-los na sua trajetória pelo céu.
Além do mais, não se esqueçam que Santo António, São João e São Pedro ficavam imensamente gratos, pois o junino tem muito mais a ver com eles, do que os gigantes, que apesar de tudo, também não podemos negar ser parte integral da família e tradição baloeira.
Boas festas e comemorações juninas/2009 para todos.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Balão SanJoanino,tradição ou não, eis a questão
Sei que estou muito longe de todos os co-irmãos baloeiros do Brasil, mas mesmo estando à 9.500 Kilometros de distância em terras lusitanas, não deixo de acompanhar a vida da arte baloeira aí entre vocês. Estou longe, mas num simples teclado estou logo aí, vendo e lendo tudo o que se passa no mundo baloeiro. Posso dizer que são 28 anos de separação e aqui em Portugal eu vivo outra realidade que não é a mesma no Brasil.
Apesar de meus pais serem portugueses, onde com 30 anos de residência no Brasil aprenderam um pouco e adquiriram a sua maneira de ser também em parte brasileiros, tanto eu (Chico Carioca) como meu irmão Franklin, tivemos uma vida bem ligada aos balões no Rio de Janeiro. Nós dois nascemos da década de 60, por isso aqueles que são da mesma época ou mais antigos na idade, sabem muito bem no que estou a me referir.
Tanto eu como meu irmão, vivemos nossa infância rodeados por balões, que em meio a essa época enchiam os nossos olhos de brilho e alegria ao vê-los subir e outros a passarem pelo bairro da Piedade-RJ. Entretanto, não tivemos durante a nossa infância, contato com adultos que pertencessem à classe dos baloeiros e nem conhecíamos ninguém. Nenhum vizinho era baloeiro e isso fazia com que meu irmão e eu não pudéssemos entrar na dita “escola da arte” e aprender todos os pormenores para colorir o céu. Eu próprio, quando vi o primeiro balão na minha vida, que por acaso era um fogueteiro noturno, tinha 4 anos de idade e apavorei-me diante daquele artefacto, que numa boa altura ía disparando foguete a foguete e clareando o céu. Eu sei que ali, nesse momento, algo despertou em mim sem saber propriamente o que era.
Lembro-me que em criança, meu pai também dizia que em Portugal também se lançavam balões, pois essa tradição tinha vindo de lá, mas no Brasil se soltavam muito mais.
Quando fui morar para Piedade, tive a sorte de ter uns vizinhos ao lado da minha casa, que apesar de serem conhecidos como a família Oliveira e que apesar do nome parecer dar essa intenção, não tinham nada a ver com portugueses. Eram brasileiros e pernambucanos, três irmãos e uma irmã, apenas um deles era casado e todos viviam em harmonia, como uma verdadeira família. Posso dizer que eram pessoas impecáveis, que viviam o seu mundo dentro da casa deles, mas que transmitiam a alegria e o espírito do nordeste brasileiro. Um dos irmãos que se chamava Sr. Arlindo, foi quem me ensinou a fazer um junino. Ele não era na verdade um baloeiro nato, muito menos os outros irmãos, mas todos tinham o espírito junino muito enraizado, talvez derivado a terem nascido num Estado como Pernambuco em que se vive intensamente essa tradição.
Então é justamente aí que eu quero chegar, pois ele ensinando-me como se fazia um balão, passou-me também por conversa o porque de se fazer e soltar balão. Tudo isso porque era uma “TRADIÇÃO JUNINA”, entre a celebração dos santos juninos: Stº António, S. João e S. Pedro no mês de Junho. Depois, passou aos símbolos dessas comemorações juninas, que entre muitas lá estava o meu querido balão. Então aprendi que o balão era um símbolo junino, uma tradição onde nem sequer pensava que fosse uma arte, mas que na realidade sempre foi de certeza. Se não me falha a memória, isto aconteceu em 1966. Passados alguns dias de eu ter o meu primeiro balão em mãos que foi feito e oferecido pelo Sr. Arlindo, eis que entramos no primeiro dia de Junho desse ano e não é que para minha surpresa, ao acordar cedo para ir a escola, quando saio pela porta fora no quintal que a minha casa tinha, bem como todas as outras casas, deparo-me com o quintal dos meus vizinhos todo enfeitado com folhas de coqueiro, bambus, bandeirinhas, lâmpadas coloridas e numa espécie de presépio junino, lá estavam num canto os três santos juninos.
Aquilo que vi, foi o despertar e o complemento em volta do balão junino. Essa tradição existia, graças à comemoração em honra dos santos juninos. Logicamente que depois de ver aquele colorido todo ao lado da minha casa, eu senti que o meu quintal não poderia ficar indiferente e mesmo sendo um moleque pequeno, eu tive que fazer o mesmo, pois a vontade era mais do que tudo. Assim, foi o que aconteceu e inocentemente mostrei-me solidário e participativo com a tradição junina. Lembro-me que nas noites comemorativas aos santos juninos, fazíamos uma fogueira e meus vizinhos, juntamente com meus pais convivíamos todos como se fosse um grande arraial junino. Não faltava comida, nem bebida, nem as músicas juninas que tocavam na vitrola do Sr. Arlindo. Ele próprio ajudou a soltar esse meu primeiro balão. Subiu, não foi muito longe, mas o que importou foi à emoção vivida naquele momento. Mais alegre fiquei, junto com meu irmão quando vi que o Sr. Arlindo ainda tinha feito mais uns 4 juninos de um metro cada. Sei que de tão eufórico, eu com lápis e papel na mão, comecei a registrar todos os balões que iam subindo e passando ali pelo bairro, isso apesar da minha inocência sem saber o tamanho deles e outros pormenores. Só torcia para que a noite passasse o mais devagar possível, pois sentia que era preciso saborear bem aqueles momentos vividos por todos nós.
Com o passar dos anos, vivi outras festas que foram realizadas pelo bairro, mesmo a nível de ruas, mas isso é assunto para se poder contar em outra ocasião.
Onde eu quero chegar mais propriamente, é que eu aprendi a gostar de balão por causa da tradição junina, faz parte da mesma e sem ela, para mim não teria razão de existir.
Vivi no Rio até 1981, onde ultimamente residia em Quintino, outro bairro de forte tendência baloeira, do qual pertenci a ex-Turma do Barata. Fizemos e soltamos inúmeros balões, mas sempre com a tendência e o espírito da tradição junina e nunca deixamos de frequentar as festas juninas que também em algumas ruas deste bairro se realizavam.
Quando deixei o Brasil, constatei mais tarde que o meu pai falara a verdade. Também existia lançamento de balões por aqui, principalmente na região norte portuguesa, em cidades como o Porto, Braga, Vila do Conde, Figueira da Foz, Gaia e outras onde se celebrava o S. João.
O tempo foi passando e já conto 28 anos de Portugal, mas dentro da arte baloeira, constato que os balões juninos em Portugal ainda sobem “livremente”, pois existe uma tradição que é respeitada, que aqui se chama “Tradição Sanjoanina ou Festa dos Santos Populares”, que igualmente no Brasil são as chamadas “Festas Juninas ou Festas dos Santos Juninos”.
Hoje, o que eu constato é que a arte baloeira em Portugal não evoluiu em nível de construção dos seus balões. Eles continuam sendo do mesmo molde de sempre, as mesmas cores de sempre, simples como sempre, onde os tamanhos variam na sua maioria, entre os 50 cms e os 2 metros e meio. São cada vez mais as pessoas que lançam estes balões na chamada época sanjoanina. Voam livremente, pois são símbolos que fazem parte da cultura e tradição de um povo que simplesmente só quer comemorar a sua tradição sanjoanina. Quanto ao Brasil, tudo isto que se passa ainda em Portugal, foi levada há muitos anos atrás e enraizou-se fortemente na terra que um dia Pedro Álvares Cabral descobriu. Durante muitos anos, o Brasil também foi assim. Só que de alguns anos para cá, derivado a grande capacidade que o povo brasileiro tem e de quem estava envolvido nesta arte, fez com que os simples balões fossem se transformando em autênticas obras de arte, mais bonitos, mais trabalhosos, mais imponentes, mais decorativos, mais engenhosos e sobretudo grandiosos e gigantescos. Sem dúvida nenhuma, que o Brasil é e será sempre o País detentor dos mais belos balões do mundo. Mas agora eu pergunto, atualmente qual o simbolismo do balão no Brasil, se lemos e escutamos da própria boca dos baloeiros brasileiros que a tradição junina está nos últimos suspiros. A maioria dos baloeiros do Brasil não sabe manifestar o porque de se soltar balão. As respostas são as mais variadas: “balão é arte”,”balão é cultura”, “balão é minha vida”, “solto balão o ano todo” “é nóis aqui”, “é nóis ali”, “lá vai mais um pro alto”, “pura adrenalina” etc, etc… etc.
Depois, muitos já consideram que quem solta um balão inferior a 10 metros tem que ser desvalorizado. Aborda-se o excesso por parte de muitos praticantes desta arte exagerarem que o balão tem que levar tudo e mais alguma coisa, não pondo em prática antes da sua construção a tabuada-matemática do balão. Desde a painéis e bandeiras gigantescas, desde aos fogueteiros diurnos ou noturnos, não há o consenso em saber se subirá em condições e se irá descer completamente apagado. Também em outros tempos, o balão no Brasil tinha a sua época, se bem que derivado a grande vontade de se soltar balões, ela começava um pouco antes e terminava um pouco depois das festas juninas. Hoje, solta-se balão desde o primeiro ao último dia de cada ano. Solta-se balão a qualquer hora do dia. Um simples fogueteiro pode fazer acordar milhares de pessoas sobressaltadas durante uma madrugada (em Portugal seria impossível isso acontecer), não contando porém os problemas diversos que ocorrem se no lançamento acontecer algum desastre. Não se respeita os resgates e os bens alheios de quem por infelicidade tiver o azar de um balão cair dentro da sua área residencial. Os campeonatos de balões também tem sido um ponto favorável a discórdias e intrigas dos que participam. Diante desses problemas todos, vem como aliado à mídia e autoridades, que culpam o balão por diversos problemas do meio ambiente e outras coisas más, originando a imposição de uma Lei única do planeta que proíbe tudo relacionado ao balão.
Diante disso tudo voltamos ao mesmo. Evoluímos? Sim, os balões evoluíram, mas os seus construtores e lançadores, não!
Onde está a tradição junina, onde está o seu simbolismo, os seus valores? Já ninguém fala mais disso e nem se transmite esse sentimento para as gerações futuras. O negócio mesmo é ver balão no céu, mesmo que algum dia já não se saiba mais porque se solta balões. Muitos ainda falam dos bons velhos tempos, mas diante de tanta gente que solta balão no Brasil, esses “muitos” já começam a ser uma minoria.
Em Portugal, se alguém perguntar porque vai soltar um balão, crianças, jovens, adultos ou idosos, todos responderão: para comemorar St. António, S. Pedro e S. João.
Como tudo na vida, há de haver tempo para descanso, preparação e atuação. Assim são também as outras tradições (Carnaval, Páscoa, Natal e Passagem do Ano) e a tradição Junina não foge a regra.
Atualmente, a arte baloeira está enraizada em mais de 50 países dos 5 continentes. Muitos, usando esta arte como símbolo de tradição junina, já outros aplicando a diversos tipos de tradição comemorativa, como ex: Dia dos Mortos, Dia da Independência de algum País, Dia de Ano Novo… etc.
O importante disto tudo é saber preservar o balão através da comemoração da tradição popular, seja ela qual for. Quando no Brasil ainda se seguia e respeitava a tradição junina, o balão jamais era proibido.
Agora cabe a cada um da grande família de artistas da arte baloeira saber o que se pretende:
Usar o balão como um símbolo de tradição comemorativa ou simplesmente tornar-se num esporte ou passatempo qualquer.
Tradição ou não, eis a questão.
Chico Carioca
TURMALUSA DE LISBOA-PORTUGAL
Apesar de meus pais serem portugueses, onde com 30 anos de residência no Brasil aprenderam um pouco e adquiriram a sua maneira de ser também em parte brasileiros, tanto eu (Chico Carioca) como meu irmão Franklin, tivemos uma vida bem ligada aos balões no Rio de Janeiro. Nós dois nascemos da década de 60, por isso aqueles que são da mesma época ou mais antigos na idade, sabem muito bem no que estou a me referir.
Tanto eu como meu irmão, vivemos nossa infância rodeados por balões, que em meio a essa época enchiam os nossos olhos de brilho e alegria ao vê-los subir e outros a passarem pelo bairro da Piedade-RJ. Entretanto, não tivemos durante a nossa infância, contato com adultos que pertencessem à classe dos baloeiros e nem conhecíamos ninguém. Nenhum vizinho era baloeiro e isso fazia com que meu irmão e eu não pudéssemos entrar na dita “escola da arte” e aprender todos os pormenores para colorir o céu. Eu próprio, quando vi o primeiro balão na minha vida, que por acaso era um fogueteiro noturno, tinha 4 anos de idade e apavorei-me diante daquele artefacto, que numa boa altura ía disparando foguete a foguete e clareando o céu. Eu sei que ali, nesse momento, algo despertou em mim sem saber propriamente o que era.
Lembro-me que em criança, meu pai também dizia que em Portugal também se lançavam balões, pois essa tradição tinha vindo de lá, mas no Brasil se soltavam muito mais.
Quando fui morar para Piedade, tive a sorte de ter uns vizinhos ao lado da minha casa, que apesar de serem conhecidos como a família Oliveira e que apesar do nome parecer dar essa intenção, não tinham nada a ver com portugueses. Eram brasileiros e pernambucanos, três irmãos e uma irmã, apenas um deles era casado e todos viviam em harmonia, como uma verdadeira família. Posso dizer que eram pessoas impecáveis, que viviam o seu mundo dentro da casa deles, mas que transmitiam a alegria e o espírito do nordeste brasileiro. Um dos irmãos que se chamava Sr. Arlindo, foi quem me ensinou a fazer um junino. Ele não era na verdade um baloeiro nato, muito menos os outros irmãos, mas todos tinham o espírito junino muito enraizado, talvez derivado a terem nascido num Estado como Pernambuco em que se vive intensamente essa tradição.
Então é justamente aí que eu quero chegar, pois ele ensinando-me como se fazia um balão, passou-me também por conversa o porque de se fazer e soltar balão. Tudo isso porque era uma “TRADIÇÃO JUNINA”, entre a celebração dos santos juninos: Stº António, S. João e S. Pedro no mês de Junho. Depois, passou aos símbolos dessas comemorações juninas, que entre muitas lá estava o meu querido balão. Então aprendi que o balão era um símbolo junino, uma tradição onde nem sequer pensava que fosse uma arte, mas que na realidade sempre foi de certeza. Se não me falha a memória, isto aconteceu em 1966. Passados alguns dias de eu ter o meu primeiro balão em mãos que foi feito e oferecido pelo Sr. Arlindo, eis que entramos no primeiro dia de Junho desse ano e não é que para minha surpresa, ao acordar cedo para ir a escola, quando saio pela porta fora no quintal que a minha casa tinha, bem como todas as outras casas, deparo-me com o quintal dos meus vizinhos todo enfeitado com folhas de coqueiro, bambus, bandeirinhas, lâmpadas coloridas e numa espécie de presépio junino, lá estavam num canto os três santos juninos.
Aquilo que vi, foi o despertar e o complemento em volta do balão junino. Essa tradição existia, graças à comemoração em honra dos santos juninos. Logicamente que depois de ver aquele colorido todo ao lado da minha casa, eu senti que o meu quintal não poderia ficar indiferente e mesmo sendo um moleque pequeno, eu tive que fazer o mesmo, pois a vontade era mais do que tudo. Assim, foi o que aconteceu e inocentemente mostrei-me solidário e participativo com a tradição junina. Lembro-me que nas noites comemorativas aos santos juninos, fazíamos uma fogueira e meus vizinhos, juntamente com meus pais convivíamos todos como se fosse um grande arraial junino. Não faltava comida, nem bebida, nem as músicas juninas que tocavam na vitrola do Sr. Arlindo. Ele próprio ajudou a soltar esse meu primeiro balão. Subiu, não foi muito longe, mas o que importou foi à emoção vivida naquele momento. Mais alegre fiquei, junto com meu irmão quando vi que o Sr. Arlindo ainda tinha feito mais uns 4 juninos de um metro cada. Sei que de tão eufórico, eu com lápis e papel na mão, comecei a registrar todos os balões que iam subindo e passando ali pelo bairro, isso apesar da minha inocência sem saber o tamanho deles e outros pormenores. Só torcia para que a noite passasse o mais devagar possível, pois sentia que era preciso saborear bem aqueles momentos vividos por todos nós.
Com o passar dos anos, vivi outras festas que foram realizadas pelo bairro, mesmo a nível de ruas, mas isso é assunto para se poder contar em outra ocasião.
Onde eu quero chegar mais propriamente, é que eu aprendi a gostar de balão por causa da tradição junina, faz parte da mesma e sem ela, para mim não teria razão de existir.
Vivi no Rio até 1981, onde ultimamente residia em Quintino, outro bairro de forte tendência baloeira, do qual pertenci a ex-Turma do Barata. Fizemos e soltamos inúmeros balões, mas sempre com a tendência e o espírito da tradição junina e nunca deixamos de frequentar as festas juninas que também em algumas ruas deste bairro se realizavam.
Quando deixei o Brasil, constatei mais tarde que o meu pai falara a verdade. Também existia lançamento de balões por aqui, principalmente na região norte portuguesa, em cidades como o Porto, Braga, Vila do Conde, Figueira da Foz, Gaia e outras onde se celebrava o S. João.
O tempo foi passando e já conto 28 anos de Portugal, mas dentro da arte baloeira, constato que os balões juninos em Portugal ainda sobem “livremente”, pois existe uma tradição que é respeitada, que aqui se chama “Tradição Sanjoanina ou Festa dos Santos Populares”, que igualmente no Brasil são as chamadas “Festas Juninas ou Festas dos Santos Juninos”.
Hoje, o que eu constato é que a arte baloeira em Portugal não evoluiu em nível de construção dos seus balões. Eles continuam sendo do mesmo molde de sempre, as mesmas cores de sempre, simples como sempre, onde os tamanhos variam na sua maioria, entre os 50 cms e os 2 metros e meio. São cada vez mais as pessoas que lançam estes balões na chamada época sanjoanina. Voam livremente, pois são símbolos que fazem parte da cultura e tradição de um povo que simplesmente só quer comemorar a sua tradição sanjoanina. Quanto ao Brasil, tudo isto que se passa ainda em Portugal, foi levada há muitos anos atrás e enraizou-se fortemente na terra que um dia Pedro Álvares Cabral descobriu. Durante muitos anos, o Brasil também foi assim. Só que de alguns anos para cá, derivado a grande capacidade que o povo brasileiro tem e de quem estava envolvido nesta arte, fez com que os simples balões fossem se transformando em autênticas obras de arte, mais bonitos, mais trabalhosos, mais imponentes, mais decorativos, mais engenhosos e sobretudo grandiosos e gigantescos. Sem dúvida nenhuma, que o Brasil é e será sempre o País detentor dos mais belos balões do mundo. Mas agora eu pergunto, atualmente qual o simbolismo do balão no Brasil, se lemos e escutamos da própria boca dos baloeiros brasileiros que a tradição junina está nos últimos suspiros. A maioria dos baloeiros do Brasil não sabe manifestar o porque de se soltar balão. As respostas são as mais variadas: “balão é arte”,”balão é cultura”, “balão é minha vida”, “solto balão o ano todo” “é nóis aqui”, “é nóis ali”, “lá vai mais um pro alto”, “pura adrenalina” etc, etc… etc.
Depois, muitos já consideram que quem solta um balão inferior a 10 metros tem que ser desvalorizado. Aborda-se o excesso por parte de muitos praticantes desta arte exagerarem que o balão tem que levar tudo e mais alguma coisa, não pondo em prática antes da sua construção a tabuada-matemática do balão. Desde a painéis e bandeiras gigantescas, desde aos fogueteiros diurnos ou noturnos, não há o consenso em saber se subirá em condições e se irá descer completamente apagado. Também em outros tempos, o balão no Brasil tinha a sua época, se bem que derivado a grande vontade de se soltar balões, ela começava um pouco antes e terminava um pouco depois das festas juninas. Hoje, solta-se balão desde o primeiro ao último dia de cada ano. Solta-se balão a qualquer hora do dia. Um simples fogueteiro pode fazer acordar milhares de pessoas sobressaltadas durante uma madrugada (em Portugal seria impossível isso acontecer), não contando porém os problemas diversos que ocorrem se no lançamento acontecer algum desastre. Não se respeita os resgates e os bens alheios de quem por infelicidade tiver o azar de um balão cair dentro da sua área residencial. Os campeonatos de balões também tem sido um ponto favorável a discórdias e intrigas dos que participam. Diante desses problemas todos, vem como aliado à mídia e autoridades, que culpam o balão por diversos problemas do meio ambiente e outras coisas más, originando a imposição de uma Lei única do planeta que proíbe tudo relacionado ao balão.
Diante disso tudo voltamos ao mesmo. Evoluímos? Sim, os balões evoluíram, mas os seus construtores e lançadores, não!
Onde está a tradição junina, onde está o seu simbolismo, os seus valores? Já ninguém fala mais disso e nem se transmite esse sentimento para as gerações futuras. O negócio mesmo é ver balão no céu, mesmo que algum dia já não se saiba mais porque se solta balões. Muitos ainda falam dos bons velhos tempos, mas diante de tanta gente que solta balão no Brasil, esses “muitos” já começam a ser uma minoria.
Em Portugal, se alguém perguntar porque vai soltar um balão, crianças, jovens, adultos ou idosos, todos responderão: para comemorar St. António, S. Pedro e S. João.
Como tudo na vida, há de haver tempo para descanso, preparação e atuação. Assim são também as outras tradições (Carnaval, Páscoa, Natal e Passagem do Ano) e a tradição Junina não foge a regra.
Atualmente, a arte baloeira está enraizada em mais de 50 países dos 5 continentes. Muitos, usando esta arte como símbolo de tradição junina, já outros aplicando a diversos tipos de tradição comemorativa, como ex: Dia dos Mortos, Dia da Independência de algum País, Dia de Ano Novo… etc.
O importante disto tudo é saber preservar o balão através da comemoração da tradição popular, seja ela qual for. Quando no Brasil ainda se seguia e respeitava a tradição junina, o balão jamais era proibido.
Agora cabe a cada um da grande família de artistas da arte baloeira saber o que se pretende:
Usar o balão como um símbolo de tradição comemorativa ou simplesmente tornar-se num esporte ou passatempo qualquer.
Tradição ou não, eis a questão.
Chico Carioca
TURMALUSA DE LISBOA-PORTUGAL
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
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quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Não estamos sós
É com orgulho e muito prazer que fazendo parte desta secção de colunistas do Planeta Balão, escrevo a minha primeira coluna, do qual não desprezando os outros sites da nossa arte, considero ser este o mais completo e atualizado neste momento.
Meu nome é Francisco, embora mais conhecido por “Chico Carioca”. Nasci em 1961 no Rio de Janeiro, mais propriamente no bairro da Tijuca. As recordações do lugar onde nasci foram poucas, pois com 4 anos de idade minha família mudou-se para a ZN Piedade e nos restantes anos de Brasil, acabei morando em Quintino até 1981. Foram nesses dois últimos bairros que vivi uma das principais paixões que ainda hoje tenho na vida, a “Arte Baloeira”.
O engraçado nisto tudo é que esta adesão pela arte não foi incutida por ascendentes familiares, nem tão pouco por alguma turma situada perto de mim.
Penso que tudo pelo que passamos, tem sempre um princípio que ou marca o nosso destino para sempre ou então fica na base do entra por um ouvido e sai pelo outro.
Ao escrever estas linhas, não vou neste momento expor tudo em relação ao que passei no Brasil e ao que estou passando na atualidade em Portugal, pois apesar de hoje viver na “Terra de Cabral”, continuo, embora de uma forma mais calma e livre, com a prática da nossa arte.
Eu sei que a mudança para mim foi muita, inclusive também para o meu irmão Franklin e que acabou ficando por aqui.
Eu e ele vivemos a melhor época que muitos baloeiros neste site, principalmente os do Rio de Janeiro, ainda recordam com saudades e com muita pena desses tempos não voltarem mais. Já no fim dos anos 60, toda a década de 70 e o ano de 1980, foi uma época da minha vida que ainda hoje também recordo com essas mesmas saudades.
Para já, em primeiro lugar eu me considero nada mais que um simples baloeiro, talvez mais simples ainda do que eu seja. Não tenho nome, nem fama, nem cartaz, nem títulos, nem nada. Tenho apenas o gosto e a paixão por essa arte e orgulho de ter feito bons amigos nessa área, onde com o passar dos anos e com muitas cenas acontecidas antigamente, as mesmas se transformaram em estórias. Essas estórias, hoje são a História que fazem parte da minha vida.
Poderia sim, ter me transformado num grande baloeiro, mas o rumo que tomei na vida, por ser descendente de portugueses, fez com que no ano de 1981, mudasse o local de residência, atravessando o Atlântico e vindo parar justamente no país que levou a tradição baloeira para o Brasil. Sei que aí, interrompi e mudei uma fase da minha dedicação a arte. Talvez tenha regredido, como se o tempo voltasse para atrás, mas Graças a Deus, vim para um país em que o balão apesar de continuar simples e sem evolução, é justamente uma tradição e cuja essa tradição popular ainda é mais forte e se sobrepõe a lei.
Sempre fui uma pessoa social, em que me dei bem com todo mundo. Justamente em Portugal, foi onde conheci e entrei para o mundo do coletivismo e associativismo, onde fundei assim que cheguei, a primeira torcida organizada brasileira em terra lusitana e talvez pela Europa. Foi a FJB – Força Jovem do Brasil, que durante alguns anos deu força a seleção brasileira e a alguns clubes brasileiros que aqui vieram jogar. Entretanto, ainda com a FJB ativa, entrei também para o mundo do samba. É isso aí, eu disse mesmo o “mundo do samba”, pois quem pensa que Portugal ainda é só fado, está completamente enganado.
Em início dos anos 80, começaram a aparecer as primeiras escolas de samba portuguesas e posso dizer com orgulho que fui um dos fundadores de duas escolas: o GRESAS (Grémio Recreativo Escola de Samba Académica de Sacavém) e anos mais tarde o GRESEIS (Grémio Recreativo Escola de Samba Estrela Independente de Sacavém). Em 1996, por razões de problemas de saúde na família, deixei minha atividade carnavalesca, mas foi dentro do samba que surgiu a Turma Lusa por parte de alguns integrantes sambistas. A atividade das escolas não eram só carnavalescas, sendo que as próprias escolas também organizavam festas tropicais e arraiais juninos. Nesses arraiais, foi onde começamos a lançar os nossos primeiros balões para abrilhantar a época junina.
No fim dos anos 90, com a falta de apoios por parte da autarquia, as escolas de samba na cidade de Sacavém deixaram de existir, pondo fim a sua atividade. Face a esse problema, também a Turma Lusa se ressentiu, onde alguns integrantes deixaram de exercer a atividade baloeira. Quanto ao samba, felizmente em outras cidades surgiram outras escolas e com muito boa qualidade. Prova disso foi a presença marcante dos falecidos mangueirenses Jamelão e D. Zica, que em 2001 estiveram em Portugal, a convite das escolas de samba portuguesas, onde assistiram a um dos primeiros desfiles nacionais do samba.
Hoje, mesmo com a crise mundial afetando todo o mundo, as escolas daqui, com cerca de 40 agremiações, ainda mantém a sua tradição e levam fé na sua evolução.
Outra passagem boa e positiva pela qual passei, foi a de ter sido dirigente e voluntário há 4 anos atrás do Corpo de Bombeiros Voluntários de Sacavém, onde aprendi a sentir muito das dificuldades que uma corporação de bombeiros enfrenta no dia a dia, mas que também foram vários anos em que conheci muita gente e fiz muitos amigos neste campo. Devo confessar que o Corpo de Bombeiros para mim, também foi sempre uma das minhas paixões desde criança, Não sei se por ter nascido na Tijuca e morar a poucos metros do quartel daquele bairro ou até por ter visto as imagens daqueles incêndios que ainda hoje servem de documentários por todo o mundo e que foram a destruição total dos edifícios Andraus e Joelma em São Paulo. Sei que naquela época toda a criançada como eu, depois de ter assistido aquelas imagens pela televisão, queriam ser bombeiros quando fossem adultos. Mas hoje quem me conhece, principalmente os amigos, uns dizem que sou o bombeiro mais baloeiro do mundo. Já outros, dizem que sou o baloeiro mais bombeiro da face da terra. Eu, por acaso continuo pensando que estou na situação do empate e digo que em relação ao Brasil, quando estas duas entidades chegarem a um acordo, que por sinal, até já poderia ter acontecido há anos, aí sim, estará resolvido o problema da legalização do balão. Saliento que em muitos países onde se lançam balões, os bombeiros estão presentes e de prontidão, dando o seu apoio e ajuda se necessário.
Agora, já com os meus 46 anos em cima das costas, como passatempo dos meus tempos livres, dedico-me em certa época do ano por causa das condições climatéricas, com o grupo da Turma Lusa, ao lançamento de balões, pipas e papagaios.
Terei daqui prá frente algumas estórias sobre a arte para contar, quer seja do Brasil enquanto aí estive, desde os meus tempos de infância, dos balões que vi subirem e caírem nos bairros da Piedade e Quintino, da minha ex-Turma do Barata de Quintino, da qual eu e meu irmão fizemos parte na construção e lançamento de muitos balões, da partida para Portugal, das festas dos santos juninos e o lançamento de balões por aqui, do surgimento das primeiras turmas portuguesas e dos festivais de pipas e papagaios que também se organizam por aqui, do nosso acompanhamento pela arte no Brasil através da net e pelo mundo afora que também pretendo divulgar, pois só da minha parte possuo um arquivo com milhares de fotos de balões de mais de 50 países. Uns mais evoluídos que outros, mas que mantém as suas tradições como as nossas e outros com tradições diferentes, mas que utilizam o balão como peça e arte fundamental para essas comemorações.
Apesar da evolução dos baloeiros e seus balões no Brasil, que considero ser atualmente os primeiros no mundo em termos de grandiosidade e qualidade, talvez a gente ainda tenha muito que aprender no que toca a simplicidade e respeito que ainda impera por parte de muitos povos de outras nações que praticam também a mesma arte.
Apesar de tudo, uma coisa eu garanto:
“Não estamos sós”.
Um grande abraço.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA - PORTUGAL
Meu nome é Francisco, embora mais conhecido por “Chico Carioca”. Nasci em 1961 no Rio de Janeiro, mais propriamente no bairro da Tijuca. As recordações do lugar onde nasci foram poucas, pois com 4 anos de idade minha família mudou-se para a ZN Piedade e nos restantes anos de Brasil, acabei morando em Quintino até 1981. Foram nesses dois últimos bairros que vivi uma das principais paixões que ainda hoje tenho na vida, a “Arte Baloeira”.
O engraçado nisto tudo é que esta adesão pela arte não foi incutida por ascendentes familiares, nem tão pouco por alguma turma situada perto de mim.
Penso que tudo pelo que passamos, tem sempre um princípio que ou marca o nosso destino para sempre ou então fica na base do entra por um ouvido e sai pelo outro.
Ao escrever estas linhas, não vou neste momento expor tudo em relação ao que passei no Brasil e ao que estou passando na atualidade em Portugal, pois apesar de hoje viver na “Terra de Cabral”, continuo, embora de uma forma mais calma e livre, com a prática da nossa arte.
Eu sei que a mudança para mim foi muita, inclusive também para o meu irmão Franklin e que acabou ficando por aqui.
Eu e ele vivemos a melhor época que muitos baloeiros neste site, principalmente os do Rio de Janeiro, ainda recordam com saudades e com muita pena desses tempos não voltarem mais. Já no fim dos anos 60, toda a década de 70 e o ano de 1980, foi uma época da minha vida que ainda hoje também recordo com essas mesmas saudades.
Para já, em primeiro lugar eu me considero nada mais que um simples baloeiro, talvez mais simples ainda do que eu seja. Não tenho nome, nem fama, nem cartaz, nem títulos, nem nada. Tenho apenas o gosto e a paixão por essa arte e orgulho de ter feito bons amigos nessa área, onde com o passar dos anos e com muitas cenas acontecidas antigamente, as mesmas se transformaram em estórias. Essas estórias, hoje são a História que fazem parte da minha vida.
Poderia sim, ter me transformado num grande baloeiro, mas o rumo que tomei na vida, por ser descendente de portugueses, fez com que no ano de 1981, mudasse o local de residência, atravessando o Atlântico e vindo parar justamente no país que levou a tradição baloeira para o Brasil. Sei que aí, interrompi e mudei uma fase da minha dedicação a arte. Talvez tenha regredido, como se o tempo voltasse para atrás, mas Graças a Deus, vim para um país em que o balão apesar de continuar simples e sem evolução, é justamente uma tradição e cuja essa tradição popular ainda é mais forte e se sobrepõe a lei.
Sempre fui uma pessoa social, em que me dei bem com todo mundo. Justamente em Portugal, foi onde conheci e entrei para o mundo do coletivismo e associativismo, onde fundei assim que cheguei, a primeira torcida organizada brasileira em terra lusitana e talvez pela Europa. Foi a FJB – Força Jovem do Brasil, que durante alguns anos deu força a seleção brasileira e a alguns clubes brasileiros que aqui vieram jogar. Entretanto, ainda com a FJB ativa, entrei também para o mundo do samba. É isso aí, eu disse mesmo o “mundo do samba”, pois quem pensa que Portugal ainda é só fado, está completamente enganado.
Em início dos anos 80, começaram a aparecer as primeiras escolas de samba portuguesas e posso dizer com orgulho que fui um dos fundadores de duas escolas: o GRESAS (Grémio Recreativo Escola de Samba Académica de Sacavém) e anos mais tarde o GRESEIS (Grémio Recreativo Escola de Samba Estrela Independente de Sacavém). Em 1996, por razões de problemas de saúde na família, deixei minha atividade carnavalesca, mas foi dentro do samba que surgiu a Turma Lusa por parte de alguns integrantes sambistas. A atividade das escolas não eram só carnavalescas, sendo que as próprias escolas também organizavam festas tropicais e arraiais juninos. Nesses arraiais, foi onde começamos a lançar os nossos primeiros balões para abrilhantar a época junina.
No fim dos anos 90, com a falta de apoios por parte da autarquia, as escolas de samba na cidade de Sacavém deixaram de existir, pondo fim a sua atividade. Face a esse problema, também a Turma Lusa se ressentiu, onde alguns integrantes deixaram de exercer a atividade baloeira. Quanto ao samba, felizmente em outras cidades surgiram outras escolas e com muito boa qualidade. Prova disso foi a presença marcante dos falecidos mangueirenses Jamelão e D. Zica, que em 2001 estiveram em Portugal, a convite das escolas de samba portuguesas, onde assistiram a um dos primeiros desfiles nacionais do samba.
Hoje, mesmo com a crise mundial afetando todo o mundo, as escolas daqui, com cerca de 40 agremiações, ainda mantém a sua tradição e levam fé na sua evolução.
Outra passagem boa e positiva pela qual passei, foi a de ter sido dirigente e voluntário há 4 anos atrás do Corpo de Bombeiros Voluntários de Sacavém, onde aprendi a sentir muito das dificuldades que uma corporação de bombeiros enfrenta no dia a dia, mas que também foram vários anos em que conheci muita gente e fiz muitos amigos neste campo. Devo confessar que o Corpo de Bombeiros para mim, também foi sempre uma das minhas paixões desde criança, Não sei se por ter nascido na Tijuca e morar a poucos metros do quartel daquele bairro ou até por ter visto as imagens daqueles incêndios que ainda hoje servem de documentários por todo o mundo e que foram a destruição total dos edifícios Andraus e Joelma em São Paulo. Sei que naquela época toda a criançada como eu, depois de ter assistido aquelas imagens pela televisão, queriam ser bombeiros quando fossem adultos. Mas hoje quem me conhece, principalmente os amigos, uns dizem que sou o bombeiro mais baloeiro do mundo. Já outros, dizem que sou o baloeiro mais bombeiro da face da terra. Eu, por acaso continuo pensando que estou na situação do empate e digo que em relação ao Brasil, quando estas duas entidades chegarem a um acordo, que por sinal, até já poderia ter acontecido há anos, aí sim, estará resolvido o problema da legalização do balão. Saliento que em muitos países onde se lançam balões, os bombeiros estão presentes e de prontidão, dando o seu apoio e ajuda se necessário.
Agora, já com os meus 46 anos em cima das costas, como passatempo dos meus tempos livres, dedico-me em certa época do ano por causa das condições climatéricas, com o grupo da Turma Lusa, ao lançamento de balões, pipas e papagaios.
Terei daqui prá frente algumas estórias sobre a arte para contar, quer seja do Brasil enquanto aí estive, desde os meus tempos de infância, dos balões que vi subirem e caírem nos bairros da Piedade e Quintino, da minha ex-Turma do Barata de Quintino, da qual eu e meu irmão fizemos parte na construção e lançamento de muitos balões, da partida para Portugal, das festas dos santos juninos e o lançamento de balões por aqui, do surgimento das primeiras turmas portuguesas e dos festivais de pipas e papagaios que também se organizam por aqui, do nosso acompanhamento pela arte no Brasil através da net e pelo mundo afora que também pretendo divulgar, pois só da minha parte possuo um arquivo com milhares de fotos de balões de mais de 50 países. Uns mais evoluídos que outros, mas que mantém as suas tradições como as nossas e outros com tradições diferentes, mas que utilizam o balão como peça e arte fundamental para essas comemorações.
Apesar da evolução dos baloeiros e seus balões no Brasil, que considero ser atualmente os primeiros no mundo em termos de grandiosidade e qualidade, talvez a gente ainda tenha muito que aprender no que toca a simplicidade e respeito que ainda impera por parte de muitos povos de outras nações que praticam também a mesma arte.
Apesar de tudo, uma coisa eu garanto:
“Não estamos sós”.
Um grande abraço.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA - PORTUGAL
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