quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O São João na Cultura Popular

Na cidade de Braga foi realizado no passado dia 22 de Junho de 2009, uma sessão cultural na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, sob a orientação teórica do professor Doutor Aurélio de Oliveira e com intervenções de José Machado e do grupo "Os Sinos da Sé", onde foi discutido o assunto do São João em quatro dimensões:

1. Cartazes e iluminações: a fogueira verval e visual que anuncia a festa: a configuração das ruas como espaço sideral, a configuração da comunicação como revelação de conteúdos, anunciadora de realidades. Os lançamentos de fogo e de balões como sintomas de purificação, de fuga e desvaneio.

2. Percursos e procissões: corridas e correrias: passeios e caminhadas: as singularidades rituais da festa: os percursos assinalam roteiros de socialização (desfiles e rusgas, cerimoniais de cumprimento), consagração do território (a sacralização e a catequização) e as escapadelas de excesso (gastronómicas, consumistas, recreativas). Toda a gente deve possuir uma percepção de território propiciador de benesses, sejam elas provenientes do mercado nas suas variedades de oferta, sejam elas provenientes da socialização na sua tolerância de manifestações, gestos e palavras, sejam elas provenientes da expressão da religiosidade, cristã ou plural ou «pagã».

3. Sons e sonoridades: o hino sanjoanino e a dança do Rei David são os paradigmas de toda a construção musical: entre o instrumental e o coral, toda a festa vive mergulhada em manifestações musicais e coreográficas, sejam espontâneas ou organizadas. O improviso como estilo de cantares e a variação como estrutura modelar. Os cantares ao desafio como erupção de interditos e expressão de fantasias: os Cachadinhas (José Cachadinha e sobrinho Pedro Cachadinha) como «caso» de liberdade expressiva e postura «descomposta».

4. Os ícones e os símbolos: as figuras catequéticas (São João, Cristo, Apóstolos, pescadores, São Cristóvão, o menino), o balão, as ervas (alho porro, manjerico), o martelinho e o assobio (gaitas e pandeiros).

Esta sessão cultural constou de pequenas intervenções expositivas (Professores Aurélio de Oliveira e José Machado), de perguntas e respostas avançadas pela assistência, de intervenções musicais(«Os Sinos da Sé») e de cantadores ao desafio: Os Cachadinhas de Ponte de Lima.

Esta sessão constituiu uma singular iniciativa da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, com a finalidade de se constituir de futuro como palco privilegiado da festa nas suas dimensões literárias (narrativas e poéticas) e artísticas (gráficas e musicais), conforme indicação de José Machado, Professor e membro da Associação «Os Sinos da Sé»

Por isso é que eu próprio pergunto a mim mesmo, porque no Brasil não acontece o mesmo.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL

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