Brasil, país das tradições, implantada pelos descobridores portugueses, onde semearam uma das mais belas, a “Arte do Balão Sanjoanino (para Portugal) ou Junino (para o Brasil)”.
E por ser o Brasil, país que há muitos anos atrás cultivou a arte apaixonadamente, hoje, transformada na mais bela e perfeita das artes baloeiras registradas no mundo, vê-se confrontada com o entrave de poder continuar a mesma tradição, ao ser o único país na face da terra, que possui uma lei de proibição imposta por um governo que nem sequer decidiu respeitar a ideologia de um povo que na sua grande maioria é a favor da arte.
Por mais que estes governantes e autoridades da lei (embora estes últimos são submissos ao governo, pois tem de por em prática aquilo que o governo decide) insistam, em mudar a mentalidade de uma nação com mais de 500 anos de História, estes deveriam se lembrar que não se pode mudar o contexto e o significado da palavra “Tradição”.
No Brasil, a evolução foi constante nos seus baloeiros, quer sejam anónimos e individuais ou integrados em Turmas, Equipes ou Grupos.
Também me parece que ao longo do tempo, caíram no esquecimento ou simplesmente os mais novos ainda não sabem sentir a verdadeira razão das “cultura do balão”.
Os baloeiros do antigamente, tinham mais dificuldade em executar os seus projetos. As modernidades ainda não haviam sido criadas, mas possuíam o mais importante para manter a arte, que era a “liberdade de se soltar e o respeito pelo próprio balão e pela sua tradição junina”.
Será que as gerações novas que estão aí presentes, com seus belos trabalhos, sentem o mesmo que as gerações mais antigas? Será que não estão esquecendo os seus princípios em relação a tradição e mudando o rumo da História do balão?
Anos atrás, soltava-se balões mais simples, menos trabalhados, mas nem por isso deixavam de ter o colorido e a alegria de poder soltá-los com outra natureza, com liberdade, independente de ser um chinês ou de 1 ou 2 metros. Hoje, muitos baloeiros que são considerados verdadeiros génios nas suas construções, pois não há como negar essa realidade, dado a qualidade e beleza de seus balões, esquecem-se de como começaram ao entrar para a arte. Muitos deles, desvalorizam os próprios balões de pequeno porte, aqueles que na verdade fascinavam e ainda fascinam por serem mesmo pequenos e trazerem a alegria daqueles simples momentos que todos viviam e ao mesmo tempo por serem o passaporte para a entrada definitiva na arte baloeira.
No lançamento de um balão pequeno, todos os que estiverem presentes, participam. Num balão de grandes dimensões, o mesmo não ocorre e logo depois do seu lançamento seguem-se as críticas, os desabafos e a degradação verbal, derivado a questão de se enquadrar o espírito de competição que existe no Brasil. Sinceramente, eu nunca vi isso em relação ao pequeno balão junino, mas no entanto, mesmo com todos os contras em relação a arte, continua-se a dar somente valor aos projetos de grande dimensão. Por isso, faz-me lembrar o provérvio: “De que adianta eu ser uma fera na matemática moderna, se não sei ou já esqueci por completo a tabuada”.
Hoje, minha ideologia é outra, pois prefiro ver um simples balão junino no céu do que muitos de grande envergadura.
Para o Brasil, uma vez que a repressão é forte e o medo é cada vez mais constante para se soltar esses balões gigantes, seria talvez mais positivo e enriquecedor para as atuais e novas gerações, dado que aí a arte baloeira predomina durante o ano inteiro, dedicar alguns meses só ao lançamento de balões juninos. Conterteza, podendo ser um pouco antes e depois da forte época junina, o que seria benéfico para todos. Balões pequenos, fáceis e rápidos de se soltar, seja qual for o local.
Aqui em Portugal, como exemplo, na cidade do Porto, até há quem prepare e acenda o balão do quintal, da esplanada, da praia e até mesmo dentro de casa ou do apartamento e depois, pronto para subir, é só soltar pela janela fora. Lembrem-se dos grandes festivais que se organizam em países asiáticos como a Tailandia, Taiwan, China, Vietnam… e outros mais.
Para as autoridades, não haveria coisa pior do que poder ver o céu invadido por milhares de juninos a toda hora e todo instante, e sentirem que não se pode mudar o rumo de uma tradição que possui um historial de vários séculos. Sentiríam-se mesmo impotentes na repressão e o mais que podiam fazer, era mesmo admirá-los na sua trajetória pelo céu.
Além do mais, não se esqueçam que Santo António, São João e São Pedro ficavam imensamente gratos, pois o junino tem muito mais a ver com eles, do que os gigantes, que apesar de tudo, também não podemos negar ser parte integral da família e tradição baloeira.
Boas festas e comemorações juninas/2009 para todos.
Chico Carioca
TURMA LUSA DE LISBOA-PORTUGAL
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