Cada fato exposto pela mídia para denegrir os balões e infamar os baloeiros mais evidencia a agressão à cultura popular, diante da grandeza dessa arte coletiva, ícone das Festas Juninas, de tempo milenar, e de mais de 300 anos entre nós brasileiros e dos seus extraordinários benefícios para as pessoas, para as famílias e para a sociedade.
Ainda está presente na memória que em julho de 1995, um paiol de armas da Marinha do Brasil foi pelos ares no Rio de Janeiro, "na maior explosão já registrada em território brasileiro”. A Rede Globo de Televisão, em noticiário leviano, atribuiu como causa um balão que teria descido e penetrado nos subterrâneos das instalações e mostrou, no programa Fantástico, uma ilustração computadorizada de um balão com lanternas, apontando-o como agente causador. Um detalhe: as explosões iniciaram antes do anoitecer.
Nos últimos 10 anos podemos contar nos dedos as notícias que foram divulgadas envolvendo balões. Com certeza o maior número dessas notícias referindo apreensões de balões antes do ato da soltura.
Na oportunidade, nosso acompanhamento não registra nenhum óbito causado por balão, felizmente.
No Rio de Janeiro os incêndios na comunidade do Rio das Pedras, no depósito de caixotes do CEASA, na SUIPA, nas matas do morro Dona Marta, foram noticiados pelo Sistema Globo de Comunicação, de forma leviana e maldosa, como tendo sido causados por balão.
Dos incêndios em instalações atribuídos à descida de balão, apenas o ocorrido no Centro Cultural de São Paulo*, em 17mai2007, mas acontecido porque os seguranças não permitiram os baloeiros de o resgatarem.
Quanto aos incêndios nas matas há controvérsias devido às acusações não estarem acompanhadas das provas técnicas (periciais). Mas, para ilustrar: http://www.montanha.bio.br/queimada.htm , aí está um acusador com seus argumentos. Cabe a pergunta: a extinção dos balões acabaria com o fogo nas matas ou em outras instalações?
No acontecimento de 11mai2008, o balão que desceu no aeroporto de Guarulhos e queimou, as imagens da fita exibida sugerem a edição, com alteração na seqüência dos fatos, para causar maior impacto na opinião pública. Uma elaboração sutil, usando os recursos da técnica, para iludir os telespectadores.
Durante essa década, os baloeiros desenvolveram, no contra-ponto da tormenta contra os balões, a fonte térmica auto extinguível, da queima total da bucha, sem deixar resíduos, antes do balão descer ao solo. Algodão hidrófilo ou papel toalha, como material recipiente, embebido em parafina (mineral) ou sebo (animal). O balão junino que não causa incêndio. Três provas de campo foram realizadas comprovando a eficácia dessa técnica. Uma solução empírica que atendeu às exigências dos ambientalistas e praticada para evitar danos ao meio ambiente, e, assim, os baloeiros provam que os balões não são incompatíveis com a natureza e sua presença nos céus preserva a arte, o folclore e a cultura.
Projeto de lei... Leia
Enfim, a máscara da hipocrisia¹ salta aos olhos, e os mentirosos perdem o álibi para continuarem enganando.
Agora, para esclarecer: todo o arsenal logístico montado pelo esquema contra os balões é conveniado por empresas que lhes fornecem o apoio financeiro (aí se confirma o desperdício do dinheiro público) e capitaneado pelo Sistema GLOBO de Comunicação: jornal, rádio e televisão, que lhes dão sustentação de mídia; a liberdade de informação, diga-se de passagem, não pertence aos donos das empresas de comunicações ou suas editorias e, sim, é uma faculdade do povo (na democracia o poder emana do povo).
O uso discricionário desses meios é intolerável. Sendo concessão do Estado, isto é, do poder público, não deve abrigar o abuso da notícia. O que se quer dizer com isso é que os comunicadores de mídia não podem valer-se dessa liberdade para explorarem a boa-fé das pessoas. A informação tem que ser limpa, não pode conter vícios, ser enganosa, escamotear a verdade, induzir o terror pânico, pois assim corrompe a relação com a população, fundada no respeito, no dever de informar e no compromisso com a verdade. Senão a imprensa² perde seu ponto de equilíbrio, o senso democrático e passa ser instrumento do despotismo.
Como se percebe, no curso dessa trama velhaca, todos que participam desse arranjo antibalão formam o conjunto dos leões prontos para devorarem os baloeiros, assim como aconteceu aos cristãos. Isso lembra Nero na Roma dos anos 65.
Mas, foram-se os tempos em que o poder estava concentrado na mente e nas mãos de poucos e, hoje, o povo exercitando as liberdades, aprende, no dia a dia, como se livrar dos incômodos das tutelas ocasionais.
Assim, os embusteiros que detraem o balão não calam a voz da razão e os balões continuam subindo para espargirem alegria e contagiarem com suas belezas.
· G1 > Edição São Paulo - NOTÍCIAS - Balão provoca incêndio no ...
· ¹Lucas (12.1,2)
· ²Lei de Imprensa - L5250
SAB . 10 ANOS DE VITÓRIA CONTRA A INTOLERÂNCIA E O PRECONCEITO
Da Fantasia à Arte...No Resto da insensatez
Baloeiro!
Olha p’ro Céu,
Do azul da imensidão,
Veja nele, serenamente planando,
O nosso querido balão.
Balões!
No firmamento,
Bonança na variada poesia.
Do chão vem o conflito,
Do alto, a harmonia.
Do povo: astros no Céu!
Fruto da imaginação,
Artesanato em papel.
Gênio da alma do homem
Num multilíngue painel.
Da sociedade:
Quanta hipocrisia!
No dia a dia,
Pessoas clamam,
Na infame covardia...
Aberrações do comportamento,
Propagadas na telinha,
Afrontam nossas gentes.
E a negação dos costumes,
Com cinismo, sem precedentes.
E, assim, a lição!
No palco da Vida,
As virtudes da beleza
Impõem-se
Nas coisas da natureza.
FIM
Rio, 19 de maio de 2008
Humberto Pinto
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