domingo, 30 de junho de 2013

Debate Sobre O Balão

Numa coisa eu concordo: Os balões dificilmente causam algum tipo de dano à sociedade e ao meio ambiente. Falo isso no alto dos meus quase 30 anos de balão e me considero uma pessoa bem informada. Agora, não podemos ser hipócritas e temos que admitir que o balão, como é feito e solto hoje, pode trazer perigo. Afinal, depois que ele é solto e liberado das guias, fica totalmente a mercê do vento e de sua propulsão, que é a bucha inflamável. Nada mais podemos fazer e nem prever onde ,quando e como ele vai cair. Sabemos hoje que certos tipos de materiais usados na bucha aumentam muito a chances de que eles caiam apagados. Mas não podemos afirmar, com 100% de certeza ,que isso realmente ocorra. Ainda existe a possibilidade da queima do balão ainda no alto. Oras...Todos nós, eu e você, sabemos disso. Quem disser qualquer coisa contraria, me desculpe, mas não sabe o que está falando. A não ser que prove que seus balões são 100% seguros. Se um dia isto existir, nossa arte estará salva."

A oportunidade de estarmos conversando pela Internet como se estivessemos em volta de uma grande tábula é única no início do III milênio e nos congratulamos com o Planeta Balão por favorecer esse exercício do diálogo.

Lembro o que disse para o Kenny, de Curitiba, sobre regulamentação e locais para soltura de balões:



"Não há utopia na sua idéia, ela tem lógica, é intuitiva, mas o balão é como o automóvel, a pessoa se habilita para dirigir, adquire o auto e passa a dirigi-lo nas vias, apesar dos riscos (20 a 30.000 mortes por ano no Brasil). Para o balão ser praticado de forma responsável é simples: credenciamento do baloeiro ou turma, identificação do balão ao dono, assim deixará de ser coisa sem dono. Tanto quanto possível, conformar a técnica para soltura, como hoje, de modo geral, já acontece. Quanto à recuperação ou "resgate" pode ser disciplinado.

Você já constatou o percentual dos balões que apagam antes de descerem ao solo? E procurou saber por que apagam? E os que descem acesos, saber por que descem acesos? E as lanternas que apagam e as que não apagam? Tudo sobre o balão está no domínio de quem o pratica e duvidar sobre o local da descida é argumento irrelevante pois o avião, por exemplo, está no domínio do piloto todo tempo, mas cai e mata. O automóvel, ídem.

Agora vamos aos números e fatos: no Rio, por exemplo, são soltos 20.000 balões (mínimo) por ano, de todos os tamanhos e feitios e qual o resultado sinistro dessa atividade? Um ou outro acidente ou incidente que você "pode contar nos dedos" e se estimarmos pelo tempo de vida desse costume vamos desmistificar toda infâmia contra o balão produzida pela mídia atual.

Você sabia que até mais ou menos 1980 a imprensa não condenava o balão, nem as Festas Juninas?

As Org. Globo, imprensa escrita, falada e televisada, lider de audiência no Brasil, cabeça pensante da política brasileira, que elege e afasta Presidente, e a chamada "modernidade", mais ou menos se confundem na oposição ao balão, leia e veja:

Brasil, 1980-1981, antes da "guerra civil", anos em que foram publicadas essas reportagens.

Percebam os títulos: "Balões: através das fotos, a história de uma arte harmoniosa"; "O que os olhos vêem e o coração sente".

Constatem a contradição para os dias atuais. Alguns órgãos de imprensa passaram do elogio, da exaltação da arte, para a mais abjeta das condenações do "balão junino". E segue uma perseguição só ocorrida na história humana com o advento do cristianismo. O que terá ocorrido para justificar essa mudança do entendimento? Dizer que o balão foi criminalizado, não basta, porque antes ele era tipificado como contravenção. O fato é que estamos vivendo o odioso processo de segregação social, isto em plena vigência da escrita "Constituição Cidadã", aquela que se dizia restaurar a plenitude dos direitos individuais. Na verdade ela está vilipendiada, corrompida pela degeneração da política, aviltada pela ação de aventureiros e oportunistas que se instalaram no poder democrático, o legislativo, e como mutirão estão atropelando as instituições da república para atingirem seus interesses escusos. Isso explica o estado de "guerra civil" instalado nas periferias das grandes cidades brasileiras e até no campo.

Aristóteles define política como a arte mestra porque visa o bem humano. Ora, no Brasil de hoje estamos passando pelo curso reverso ou convivendo com a antipolítica. Até quando...

O "balão junino" é vítima dessa avassaladora onda antidemocrática, em que minorias ocasionais, ascendentes no legislativo, passaram a interpretar ao seu talante as coisas do povo e legislam contra o povo.

Assim, se conclui que a prática do balão nada tem de diferente se comparada a outras práticas humanas com a peculiaridade de que é intuitivo, passível de ser manipulado por qualquer pessoa, e acontece independente das regras do Estado."

Amigo Roberto, quando se pergunta a um aviador sobre a segurança do avião ele responde que avião é o transporte mais seguro do mundo. Esta resposta, naturalmente, é justificada pelo índice de acidentes causados pela aviação comparado com os números de outras máquinas utilizadas para o mesmo fim.

Nos instrumentos de voar há um fator comum, o risco potencial ou perigo, mas o nosso balão, com seu empirismo e falhas eventuais, ainda é mais seguro do que qualquer outro instrumento produzido pela arte humana, pela especificidade da obra e fim e a pequena incidência dos problemas gerados pela sua prática, basta comparar os números para esta constatação:

Avião: acidentes e mortos; fonte CENIPA.

Veículo terrestre: acidentes e mortos; fonte Polícias rodoviárias.

Balão: acidentes e mortos; ainda não tem estatística, mas sabemos que é residual.

A turbulência provocada pela vigência do Art. 42 da Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, é passageira, pelo menos tem o mérito de reunir e unir os baloeiros em torno da defesa dessa arte milenar que praticamos.
Humberto

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