Acabo de assistir ao Fantástico de 03/jun/2012, como sempre falando mal dos resgates de balões com fogo, e agora até da soltura de balões sem fogo, citando o 4º Festival da GB em Itapecerica/SP, que segundo eles não foi devidamente protocolado na Aeronáutica.
Quem quer acabar com os balões? A polícia quer eliminar os com fogo, e a aeronáutica quer exterminar até os Sem Fogo. Mas ambos não entendem nada de balão e quem efetivamente ESTÁ acabando com o balão com e sem fogo, são os baloeiros.
Nos com fogo os resgateiros-índios-vândalos-invasores fazem a parte principal e dão motivo sempre, seja balão grande ou pequeno, aceso ou apagado, área urbana ou rural. Outros que lutam para acabar com nossa arte são os que soltam balões que caem acessos, num mundo moderno onde é tão fácil fazer balão cair apagado, bastando botar pouco peso e bucha que apague no alto, coisa que qualquer novato sabe fazer.
Já os organizadores de festivais sem fogo ilegais fazem a alegria da PM, da Aeronáutica e da Mídia ao mesmo tempo, dando motivos para acabarem com os sem fogo.
Quando no começo de 2011 o site Gazeta do Balão disse que faria um festival de balão sem fogo, eu reagi de forma errada, pois fiquei revoltado tanto pela localização do evento quanto com o fato de dizerem que seria o 1º festival de SP, já que o 1º tinha sido o de Mogi. Errei em não tentar conversar e preferi responder de forma deselegante, ditatorial e ameaçadora ao evento, pois o mesmo não podia acontecer, já que traria problemas junto a Aeronáutica pela localização e junto à PM/mídia, pois poderia gerar muito problema de resgate. E os problemas de um evento afetam os outros, principalmente no mesmo Estado.
Na época fiquei revoltado porque já sabia que o evento seria na região do organizador (Zona Sul). Essa região foi a 1ª região cogitada numa das primeiras reuniões com a Aeronáutica para o 1º festival da UniãoAP e prontamente avisaram que era a região onde eventos como esses não poderiam ocorrer de jeito nenhum por se tratar de: 1) Área de manobra de Guarulhos, o maior aeroporto do país em numero de passageiros; 2)Área de aproximação, ou seja, pouso e decolagem, de Congonhas, o aeroporto mais movimentado, com mais pousos e decolagens do Brasil. Fora que os balões teriam grande chance de cair na cidade.
Para quem está nessa luta discutindo com os outros baloeiros, e principalmente estudando e discutindo com as autoridades há tanto tempo e com tanto empenho, esse e outros pontos parecem mais do que óbvios, aí quando vem gente com menos preparo e resolve fazer um evento da forma errada, a gente acha que é de propósito para estragar o que estamos fazendo de certo. Mas não é nada disso, é só falta de preparo. Por isso peço desculpas pela minha reação brusca e nada instrutiva. Lembrando que a UniãoAP também erra, tanto é que por causa da burocracia e da pressão dos participantes, confirmou o 2º Festival para um dia com pouca chance de sol forte, mesmo assim subiram +-130 balões e 'apenas' 1 deu problema no resgate.
A origem do problema: Mas balão sem fogo é ilegal?
Se passar perto de aeroporto, ou se não for comunicado à Aeronáutica, pode ser ilegal sim.
Veja o que diz o Código Penal:
- Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Ou Seja, se o balão subir perto de aeroporto, ou se durante o vôo passar perto de aeroporto, pode ser crime. Tendo o Vento Noroeste (NW ou NO) como o mais comum, tudo que estiver à esquerda ou acima da cidade de São Paulo, é local para evitar a soltura, incluindo: Embu-Guaçu, Itapecerica, Sorocaba, Boituva e Campinas. Outras regiões devem ser evitadas por diversos outros motivos.
Avisando a Aeronáutica com antecedência, eles analisam o evento e emitem parecer. Vendo risco no evento e estando em cima do prazo (como teria ocorrido neste 4º festival da GB) podem comunicar a PM para impedir o evento no dia, ou tendo antecedência avisam o Ministério Público e este abre ação contra os organizadores, proibindo com antecedência e prendendo quem descumprir. Ou seja, se o evento não estiver 100% dentro da lei e das regras, o evento pode ser proibido pela justiça ou a PM no dia pode impedir e até apreender os balões. Por isso a UniãoAP e SAB já fizeram dezenas de reuniões com diversos órgãos da Aeronáutica. Tanto é que o 2º Festival de SP (Mogi/2011) foi denunciado por um órgão público ao Ministério Público de SP, mas este foi convencido da legalidade e autorizou o evento, prova de que estava totalmente dentro da lei.
Além do nosso Artigo 42, do Art 261 acima, existem outras leis e muitos outros regulamentos e regras que precisam ser seguidos. As pessoas que sabem disso devem divulgar e instruir os outros com paciência, porque nem todos são esclarecidos. Já os baloeiros que só querem soltar seus balões em paz e mostrar sua arte com responsabilidade, precisam ser responsáveis e não participar de eventos ilegais, além de respeitar as regras.
Não custa lembrar que quem pediu a inclusão do Artigo 42 na Lei 9.605/98 foi a Aeronáutica, à época pressionada pela IATA (Associação Internacional das Empresas Aéreas), a qual ameaçou de classificar o Brasil como 'Área de Risco para Aviação", o que faria aumentar muito os custos de seguro e outros, isso porque viam o excesso de balões urbanos da década de 80/90 como situação caótica e de alto risco. O custo de vôo das empresas de carga e de passageiros aumentaria muito, a lei foi aprovada com o Artigo e em troca os parlamentares ganharam das empresas um expressivo aumento nas cotas aéreas e outras facilidades na aviação.
Irmãos de luta, o balão sem fogo está só no começo e precisamos de muita união e muita paciência para não deixar que ele morra por nossa culpa.
Vamos nos unir mais, conversar mais, lutar mais.
Abraço e fiquem com Deus.
Cláudio NEB
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